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Constituição Apostólica Fulgens Corona - Criação da Arquidiocese Militar do Brasil



I O A N N E S   P A U L U S   E P I S C O P U S
SERVUS SERVORUM DEI


Constituição Apostólica
FULGENS CORONA
de ereção da Arquidiocese Militar do Brasil


AD PERPETUAM REI MEMORIAM


A «Coroa refulgente» de Nossa Senhora brilha sobre o universo, orientando toda criatura a dar graças a seu Redentor. De fato, toda devoção santa e piedosa conduz não diretamente a quem se honra, mas ao próprio Cristo, princípio e fim (cf. Ap 22, 13) de toda a fé.

Não obstante, ao caminho do Cristo, verdade e vida (cf. Jo 14, 6), não somos se não preenchidos de liberdade e alegria, uma vez que libertos pela Verdade (cf. Jo 8, 32) somos preenchidos de infinito júbilo, que é a comunhão com o Senhor, somos impelidos, com extrema diligência e sem reclamações, a cumprir aquilo que nos convém na vinha do Senhor.

Caríssimos, em verdade, é necessário também que nós, no exercício do nosso ministério sagrado, saibamos conduzir aqueles que precisam ou que se recomendam a nossa condução, para a salvação de suas próprias almas ou de outrem. Muitas vezes, esse exercício exige a abertura de novos horizontes e nos urge que trilhemos novos caminhos, exploremos novas pastagens.

A alegria do Evangelho é para todo o povo, não se pode excluir ninguém; assim foi anunciada pelo anjo aos pastores de Belém: “Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo” (Lc 2, 10). O Apocalipse fala de “uma Boa Nova de valor eterno para anunciar aos habitantes da terra: a todas as nações, tribos, línguas e povos” (Ap 14, 6) [1]. É necessário, portanto, queridos filhos, um novo ânimo missionário e um novo impulso de caridade em toda parte: cumprir com o papel missionário e anunciador dentro da plataforma virtual do Habbo Hotel, onde estamos sediados. [2]

Isto posto, analisamos a situação corrente dos militares na terra de Santa Cruz, onde um apostolado grande, frutuoso e repleto de virtude pode florescer. A magnificentíssima alegria que sentimos servindo ao Senhor não pode ser suficiente para nós, e, desejando mostra-la ainda mais aos povos, abrangendo ainda mais o Hotel, é que consideramos isto que decretamos, uma vez que o universo militar é um redil muitíssimo amplo e de infeliz abandono pastoral. Porém, crendo firmemente no Espírito que sopra abundantemente, e novamente após muito tempo, sobre nós, voltamos nossos olhos com filial ternura e amor paternal para a realidade das forças armadas e auxiliares, sejam polícias, bombeiros ou hospitais.

De modo a cumprir este novo espírito que paira sobre nossa Igreja, de cumprir o “Ide” que o Senhor deu-nos (cf. Mc 16, 15), para que verdadeiramente sejamos Igreja em saída [3] e para a maior glória do Senhor nas ovelhas arrebanhadas junto ao aprisco militar brasileiro, hei por bem ERIGIR a Arquidiocese Militar do Brasil, cuja Sé Catedrática estabelecer-se-á à Catedral Militar de Santa Maria dos Militares Rainha da Paz, na cidade de Brasília, no Distrito Federal.

Haveis também por obrigação criar o Seminário para a formação das santas vocações que se discernirem aos logradouros que adicionar-se-ão ao aprisco militar. Atentem-se também ao cuido do serviço e das vocações laicais, proporcionando-lhes um espaço conservado, celebrações piedosas e uma oração veemente inspirada pela devoção daqueles que estão nesta santa e nova circunscrição.

Filhos caríssimos consagrem ao Senhor tudo o que fizerdes e tereis a certeza de que frutificará no Senhor (cf. Pr 16, 3), para que, para a maior glória d'Ele e para o bem do povo, sejais luz neste novo território, sejais missão, sejais caridade: pois dela tudo provém, por ela tudo forma, para ela tudo tende.[4]

Recomendando-vos ao Santíssimo Sacramento, rogo para que tenhais um futuro com base no presente que viveis: serviço e devoção. “Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens” (cf. Cl 3, 23) e assim vereis que muito mais que no jogo, na realidade surgirão os frutos da piedade, do amor, do zelo.

Que o Senhor os guarde, e lembrando-me sempre de vós em minhas orações, peço que também vós vos lembreis de mim, pondo-me sempre em vossas preces e celebrações, para que tanto a vós quanto a mim sejamos sempre conservados junto ao peito do Senhor, tal qual João, à mesa da Santa Ceia. Assim seja.

Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 12 de Julho do ano do Senhor de 2020, primeiro de nosso pontificado.



IOANNES PAULUS PP. VII
Eu o subscrevi,
D. Tomás Skol Sharpen Abels von Klapperschlange cardeal Araújo


[1] Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (24 de Novembro de 2013)23;
[2] João Paulo VII, Carta enc. Sacerdotium Regium (31 de Maio de 2020), 4;
[3] Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (24 de Novembro de 2013)20;
[4] Bento XVI, Carta enc. Caritas in Veritate (29 de Junho de 2009), 2;