Administrado por Dom Vito Alberti Lavezzo e Dona Kate Alberti Rossetti, arquivistas do Vaticano.

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Carta Pastoral - Cor et anima una


CARTA PASTORAL
COR ET ANIMA UNA

DE SUA SANTIDADE
URBANO III

AO EPISCOPADO
AO CLERO E AOS LEIGOS


Sobre a atividade do leigo na Igreja


1. “Multitudinis autem credentium erat cor et anima una” – A multidão dos crentes era um só coração e uma só alma (At 4,32). Foi este texto que veio a minha cabeça quando ouvi dos lábios de meu predecessor, o papa Gregório III, sua decisão de realizar um Sínodo sobre os leigos.

2. Infelizmente, por conta de suas forças físicas, ele não conseguiu iniciar de forma formal este encontro solene, o IX Sínodo Extraordinário de nossa história. Vejo nisso um sinal da Providência Divina, já que, neste mês solene de abertura, comemoramos nossos 12 anos de atuação profética no Habbo Hotel.

3. Ao longo dos anos, nossa relação com o laicato passou por diversas mutações. No limiar deste novo tempo, é preciso recordar o passado com gratidão e observar as modificações que nos trouxeram a atual relação de hoje, com vistas de planejar o futuro.

4. Inicialmente, a exemplo das comunidades apostólicas, nossas paróquias eram constituídas juntamente com os leigos. Meu predecessor, o papa Gregório XVII, estabelecia as paróquias em torno de um grupo estável de fiéis, recordando aquilo que os Atos dos Apóstolos já descreviam como as comunidades da Era Apostólica. É viva em minha mente a comunidade que primeiramente dirigi como diácono, formada por alguns amigos e parentes da época.

5. O relacionamento do clero com o povo foi se estremecendo a partir do papado de João Paulo III. Entretanto, o “golpe final” nesta relação aconteceu durante aqui que chamamos de primeiro grande cisma da Igreja, no papado de Silvestre I. Nesta época, havia-se a ideia de que a Igreja deveria ser constituída apenas por leigos que formariam o “Ministério da Palavra”, a exemplo da Igreja espanhola. O modelo mostrou-se fracassado tanto em nossa realidade quanto na Espanha, onde a Igreja cessou sua presença meses depois.

6. Com esta ruptura, muitos erroneamente entenderam que era necessário haver um distanciamento entre os leigos e o clero. A atitude foi adotada até meados do ano de 2015, quando caiu o governo de Gregório Magnus II. O papa Leão I, desejando reaproximar os leigos da Igreja, tentou abrir as vias do diálogo, num caminho que seria pavimentado com o papado de Lucas II, pontífice responsável por realizar o Concílio Vaticano V. Ao instituir normas para a estrutura eclesial e proclamar, de forma definitiva, um Missal Romano, este pontífice viabilizou a participação do leigo na liturgia e nas pastorais, incentivando vivamente tais atitudes.

7. A partir daí cada pontífice, a seu modo de governar, relacionou-se de diferentes formas com o leigo. Até que Gregório III, desejando nortear os caminhos para a posteridade, anunciou a realização deste nosso Santo Sínodo.

8. Diante dos desafios atuais da Igreja, é preciso observar os sinais dos tempos e interpretá-los à luz da Palavra de Deus. É preciso hoje, acolher e orientar as situações da família tal como foi criada por Deus, homem e mulher, diante do perigo de relativismos implantados pela sociedade. Além disso, o ateísmo e a ausência de crenças também urgem para que o leigo trabalhe em meio à sociedade para ser “sal da Terra e luz do mundo” (Mt 5, 13-14).

9. Extraordinariamente, pela primeira vez em nossa Igreja, o Sínodo convidará não apenas os senhores bispos, mas também alguns padres e leigos que vão representar as diversas facetas da espiritualidade católica. Meu desejo é fazer deste momento de pluralidade um grande elo para a unidade da Santa Igreja, criando laços fortes e indivisíveis entre os pastores e seus rebanhos.

10. Desta forma, já desejando encontra-los em Roma, convido a toda Igreja para que voltem os corações e as mentes para o Santo Sínodo. Lembrai-vos dos padres sinodais que vos representarão nesta reunião sagrada e, em vossas orações, rezai para que possa eu, enquanto pastor supremo da Igreja, bem levar adiante esta empreitada querida por Deus e desejada pela Igreja em toda a terra.

11. Coloco este período de preparação e oração sob o manto materno da Virgem Maria, a primeira leiga. Ela, com seu coração feminino, materno e bondoso, nos auxiliará sem demora a trilhar os caminhos de seu Filho no mundo. Se desta forma for, a igreja cumprirá cada vez melhor sua missão de “levar o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).


Datum Romae, die 09 Iulii maio, A.D. 2018. Primus sub coronam Urbaniensis.


+ Urbanus Pp. III
Pontifex Maximus